Este jogo é acima de tudo uma obra de arte, tanto visual como auditiva. Desde o momento em que a criatura abre os olhos, e apenas vê tudo branco, e começam a surgir as primeiras pinceladas de cor que lhe vão dando algum sentido ao mundo que o rodeia, quase que parece que estão a pintar uma aguarela diante dos nossos olhos.
Todos os cenários são belíssimas pinturas sobre as quais vamos levar a nossa criatura a pisar com os seus pés, e também sobre os quais vamos interagir, resolvendo alguns puzzles e mini jogos. Mas ainda mais importante, a música, aliada à explosão de cores e pinceladas de mestre, uma banda sonora incrível, música clássica que nos transporta para uma sala de espectáculos onde estamos a assistir à peça de Mary Shelley's Frankenstein, uma sala completamente esgotada.
Através dos olhos inocentes da criatura vamos caminhando pelo mundo tentando perceber aquilo que nos rodeia, fazer algum sentido de todos os objectos e cores e sons, e tentar descobrir de onde viemos, quem nos criou, e qual o sentido da vida, se podemos chamar a isto de vida.
Estas viagens levam-nos inevitavelmente a entrar em contacto com os humanos, e para quem conhece a história, tanto do Frankenstein como de qualquer outra situação em que os humanos reagem da pior maneira possível aquilo que desconhecem ou temem, não será um encontro muito feliz.
É aqui que entra a parte interactiva do jogo, pois podemos escolher como agir perante uma míriade de situações diferentes. Uma cobra na floresta vai atacar um pobre veado bebé, e é-nos perguntado se queremos intervir ou se apenas ficamos a observar. Esta decisão tem consequências, e isso muda a nossa percepção do mundo, o que faz com que o cenário mude em conformidade, ora para uma paisagem colorida, animada e alegre, ou para um ambiente escuro e tenebroso.
A maneira como vemos o mundo também depende das nossas acções, portanto é um daqueles jogos onde teremos finais diferentes, e até a experiência do jogo pode ser completamente diferente. Fugimos ou atacamos os humanos que nos atacam? Podem sempre jogar o jogo duas vezes e experimentar com diferentes escolhas, e verificar como a criatura pode ser benevolente ou um autêntico monstro.
A certa altura tudo o que importa é dar sentido à vida, é encontrar o Dr. Frankenstein e confrontá-lo com todas as questões que tem na sua cabeça. Ou pedir-lhe que crie uma criatura que lhe faça companhia, que com os humanos não irá ter muita sorte com toda a certeza.
Os mini jogos e puzzles que encontramos no caminho não são muito complexos, sendo alguns deles mecânicos e com alguma lógica por trás, e outros algo literários, obrigando-nos a ler as dicas deixadas espalhadas pelo chão (como no laboratório de Frankenstein) para dar sentido às palavras.
Acima de tudo uma obra de arte, pelos quadros belíssimos e a banda sonora que é simplesmente incrível, esta produção chega-nos pelas mãos do canal ARTE, um canal de TV digital europeu de cultura, e pelo estúdo Labelle Games, que fez um trabalho incrível com este The Wanderer. Para aqueles que apreciam experiências únicas no iPhone e iPad, este é uma dessas experiências, sem dúvidas.
The Wanderer: Frankenstein's Creature na App Store
Tamanho: 3 GB
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