Sou grande fã de jogos point and click, bichinho que me ficou das aventuras gráficas da Lucas Arts, como os fantásticos The Secret of Monkey Island, que também foram renovados e trazidos para o mundo moderno do iPhone e iPad, e por isso não podia deixar passar ao lado uma pérola como esta.
Este Crime no Hotel Lisboa chega-nos pelas mãos de uma equipa portuguesa bem talentosa. Uma equipa com muito bom humor, que se vê reflectido em todas as áreas do jogo, especialmente nos diálogos hilariantes entre o Inspector Zé e o Robot Palhaço.
Mas dando um passo atrás, o jogo arranca com a abertura das cortinas sobre o palco, como se estivessemos a assistir a uma peça de teatro, e temos direito a aplausos da plateia e tudo. Os actores entram em cena, dá-se início ao espectáculo, e somos nós que comandamos a história (em Português ou Inglês, mas eu cá apostaria na língua de Camões, a não ser que prefiram chá em vez de tremoços e uma Super Bock).
Em jeito de tutorial, ainda no quarto do Inspector Zé, percebemos como mover o nosso herói tocando no local para onde queremos ir, e como tocar nas coisas nos dá uma descrição breve sobre um objecto (ao carregar na lupa temos a descrição, mas se seleccionarmos a mão, é executada uma acção qualquer). Se mantivermos o dedo sobre o ecrã aparece uma outra lupa, que nos permite visualizar com a mesma quais os pontos quentes no ecrã com os quais podemos interagir (para usar uma linguagem à Nerd Monkeys, com os seus "saidequestes" e outras maravilhas linguísticas).
É também aqui, nesta espécie de tutorial que nos são apresentadas as personagens Robot Palhaço, nosso fiel e inseparável companheiro, e o Agente Garcia. O Robot Palhaço acaba por ser aquele que nos descreve tudo o que nos rodeia, aquilo que temos de fazer, e serve de inventário, guardando todos os objectos que vamos coleccionando ao longo da aventura. Para além de nos contar piadas de gosto duvidoso sempre que lhe pedirmos (levando a plateia ao rubro), permite-nos também chamar um táxi, onde quer que a gente se encontre no jogo, para nos levar para outro local de uma forma mais rápida.
O Agente Garcia vai-nos pôr a par de uma mecânica importante do jogo, que são os interrogatórios. Pegando num objecto do inventário, enfrentamos uma pessoa com uma série de perguntas, que se fizerem sentido, a levarão a confessar... o que houver para confessar. Por vezes a coisa não vai lá à primeira, e há que tentar outra vez, ou então optar por usar o Robot Palhaço para interrogar, que o seu pensamento mais lógico pode ser o ideal em algumas situações.
Quando saímos finalmente para as ruas de Lisboa, percebemos então a grandeza da coisa. Que animação, pessoas a passear, carros e eléctrico a atravessarem-se à frente da nossa visão em primeiro plano, personagens típicas como o engraxador Tony, a senhora da vida Maria Estrela, pessoas a pedir dinheiro, e locais que podemos visitar, como a esquadra da polícia, o Hotel Lisboa, um restaurante, um bar, uma casa de máquinas Arcade, etc.
Estes locais que podemos visitar, onde poderemos encontrar pistas e interrogar personagens chave, têm um toque especial, como por exemplo no bar Gaf, onde podemos ouvir Jazz e encontrar ao piano o grande Filipe Melo, ou no restaurante Noitadas, onde se pode pedir à fadista Alexandra Martins para nos cantar um fado. Na Press Play Arcade encontramos algumas máquinas bem conhecidas da época, como o Petris, Monkey Kong, ou grande Super Bang' On, onde podemos "ouvir" alguns comentários brilhantes sobre alguns destes jogos.
Há muito para explorar na grande Lisboa, mas a ideia é mesmo ir até ao local do crime, encontrar provas, interrogar todas as personagens que encontrarmos, e perceber que triângulo, ou rectângulo, amoroso, deu origem a este homi...suicídio.
Como extra, podemos a qualquer momento guardar o ponto em que nos encontramos na aventura, bazar do jogo e dar um salto até ao Menu, onde podemos encontrar um mini jogo chamado "Palhaço em Pé", que nos põe a controlar o robot palhacito, enquanto este está em palco a contar piadas a uma audiência um pouco agressiva. Temos de acertar nas piadas, para que o público nos aplauda, e nos atire com flores, porque se falharmos, esperem levar com tomates e outras coisas ridículas e bem mais perigosas. Este mini jogo pode ser encontrado como um jogo separado na App Store, completamente grátis, e está aqui em baixo o respectivo link.
O jogo é um achado na App Store, pois pensava que já ninguém fazia disto, mas aqui está ele, para mal dos nossos pecados. Compatível com iPhone e iPad, é vosso por 2,99€, o que vos dá direito à resolução fantástica de 256x192, a mesma do ZX Spectrum 48k (ou da Nintendo DS, bem conhecida dos mais jovens, ah ah), ficam também com um mistério por resolver em mãos, e centenas de piadas de humor fácil para vos estimular a tripa (ou humor difícil, isto vai do gosto de cada um).
Crime no Hotel Lisboa na App Store (Brasil)
Crime no Hotel Lisboa na App Store (Portugal)
Tamanho: 39.6 MB
Robot Palhaço em Pé na App Store (Brasil)
Robot Palhaço em Pé na App Store (Portugal)
Crime no Hotel Lisboa - Apps do iPhone Rating: 5
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